quarta-feira, 7 de janeiro de 2009




Olá a todos!

Um feliz ano novo! Uma marreta e um babaca pra acertar e espalhar o cérebro no chão! Cacete, esse ano começou já com o pé direito pro Escapismo Contundente, e deve ficar muito melhor a cada dia. Estava eu realmente pensando no que ia começar a escrever, quando um sujeito me baixa no msn e começa a levar um papo comigo relacionado a uma arte que eu fiz mês passado, de presente a uma banda que eu curto pra caralho.

Fiz o desenho pensando em oferecer-me a eles como album artist, num longshot feliz e quase tagarela à medida em que escrevia-lhes e-mails de todas as formas e jeitos possíveis... Este sujeito, então, veio à minha sagrada e irritável pessoa no fim da tarde desta quarta-feira reinvindicando uma conversa que tivemos... ele queria que eu trabalhasse pra ele numa arte pra banda dele, mas não quis se identificar, dizendo que eu podia chamar-lhe de TREVOR. O sujeito, não só deixou isso como a única coisa clara - isso porque ele disse "pode me chamar de Trevor" - mas também, ao começo da conversa, falou mal de um usuário do fórum da banda, que eu nem conhecia.

Crianças, entendam uma coisa: QUEM FALA MAL DOS OUTROS GRATUITAMENTE, VAI, FATALMENTE E COM TODA CERTEZA, FALAR MAL DE VOCÊ PRA ALGUÉM.

Isso é tão comum, e infelizmente, tão pouca gente percebe, que eu quis postar isso pra vocês verem do que é feito um pilantra. Claro, na minha humilde opinião ¬¬...

Enfim, todas as vezes em que eu fui fazer um orçamento a uma empresa/pessoa, há certas regras que são imprescindíveis pra qualquer autônomo pra pegar esses comediantes da negociação, as quais levo na minha cuca com carinho...

Continuando a história pra mostrar essas benditas regras: O sujeito me veio com uma conversa de que conhecia Deus e o mundo, convenientemente, as pessoas que me interessavam, e que não poderia pagar-me pelo trabalho. Bom, isso, pra muito ilustrador é motivo pra fechar a janela do msn e sair xingando qualquer um pelos 10 minutos que eles perderam falando sobre como levariam o trabalho. Ainda assim, foi divertido ver a obra literária que o homem postou na frente dos meus olhos, porque realmente estava tudo mirabolante... Supostamente, nosso amigo tinha sido um viajante que conhecia 48 dos 50 estados dos EUA, tinha amizade com o filho da Cher - que aparentemente ele achava que era um cara de uma banda amiga dele, e não o vocalista do Linkin Park, que É, segundo à porra da MTV, filho dela... - e supostamente tinha conseguido um trampo com uma marca fodíssima, e queria me apadrinhar como um filantropo da arte, e queria que eu fizesse aquele “favor”.

Eu, com muito jeito, respondi que na condição em que o mundo se encontrava, eu não poderia dispensar um tempo para ajudá-lo, pois realmente era importante que o tempo que eu tivesse fosse dedicado à minha profissão e todos temos que pagar contas. Ele, CLARO, entendeu como todo pilantra entende e tenta dar um contorno, dizendo que é um cara podre de rico e sabia recompensar qualquer um que o ajudasse... Novamente, com jeito, repeti minha declinação, já começando a rir...

Claro que ele não desistiu, e começou a jogar com meu ego – aprendam aqui, pra não se foderem, crianças... EGO FODE VOCÊ! – e disse que ele tinha uns 30 milhões de artistas se rastejando pela vontade de trabalhar com ele e EU fui o sortudíssimo escolhido – e ele usou essas mesmas palavras... juro que não to exagerando... só pra comprovar, aqui vai a passagem:
*NOTEM O NICK DO SUJEITO!

17:14:13 pukingmaggot: but you have to understand that i have a fleet of artists willing to do whatever i want at this point for simply the honor of having it grace one of my releases

Amiguinhos, entendam... Qualquer um que queira passar a perna em vocês vai falar que é a melhor coisa do mundo pra você e tentar te convencer que você é um completo idiota, se recusar qualquer coisa que ele pede... E geralmente você pega um sujeito desses na hora que ele começa a se gabar de algum feito... Todos os clientes que eu tive na vida que tentaram me passar um calote, antes de mais nada, se vangloriavam da situação em que se encontravam...

Não é que eles não entendem que seu trabalho não vale o que vale, ou que as horas que você perdeu aprendendo seu ofício ou que você gasta no tempo em que você trabalha CUSTAM DINHEIRO, ele quer algum pato fazendo algo de graça pra ele... e ele pode até te creditar, numa letrinha bem miudinha no canto do cd dele... mas num mundo onde a informação é tão rotativa, será que isso vale realmente a pena? Se o Dalai Lama sentasse do meu lado e falasse que ia colocar meu nome num livro dele, eu podia pensar no caso, mas a maioria é de gente que FALA o que tem, ao invés de MOSTRAR o que tem, e muitas vezes, quando mostra, não é deles...

Vocês PRECISAM ficar atentos a isso. Já dizia meu pai, em uma época que peguei um cliente que adorava falar q era honesto... “Qualquer um que fale ‘SOU HONESTO, NÃO SE PREOCUPE’ vai dar aquele lindo e florido cacto pra você enfiar no toba...”

Passado o tempo da “negociação”, o homem começou a realmente querer me mostrar o quanto ele era inexplicavelmente, onipotentemente, ridiculamente importante... Ele aparentemente, queria me provar que ele era o messias do rock, uma vez que tinha feito parte de – sim, ele disse isso – uma sociedade secreta, e que nas 20 bandas das que ele participou, só a primeira fez 30 000 cópias na primeira venda...

Fiz a pergunta “ué... ce deve ter enchido o cu de dinheiro com isso, não?” ele “sim, eu fiquei rico de várias formas” dae eu soltei “e você não quer me pagar... por quê razão mesmo?

Daí veio a PÉROLA










Porque eu procuro lealdade nos meus fornecedores!









Meu, o cara é o próprio Don Corleone... Eu fiquei até com medo de aparecer um italiano aqui na minha casa, me fazendo uma oferta que não posso recusar.

No fim, ele me perguntou o quanto eu cobraria dele, e pus 1500 dólares – mais pra ele parar de me encher o saco, porque eu tava trabalhando de verdade – pra um pôster...

Dae - claro, ele era tão chato e persistente quanto o Seiya - ele começou a jogar com meu ego, novamente, dizendo que pra quem não era conhecido, eu cobrava demais, e bla bla bla... E aí a conversa foi parar nos sagrados pontos da discussão filosófica de quem sabe mais que quem...

No fim da conversa, eu pus um ponto final, dizendo que não queria trabalhar de graça e ponto, e entre as formas dele me dizer que eu era um mercenário, que merecem mérito pela sutileza em sua poesia, ele conseguiu terminar a conversa com um papo de querer me conhecer e dizendo que era um idealista que amava a musica e a arte e todos os 500 instrumentos que ele sabia tocar, e que queria abrir a mente do mundo...

Não agüentei e disse que precisava sair... 10 minutos depois, sentei aqui... E fiz esta sessão de descarrego.

Meu... em resumo... um sujeito que não se identifica, fala mal dos outros, pede coisa de graça, se vangloria, tenta desvalorizar seu trabalho, é o melhor patrono da arte no mundo, mesmo... Esse ae, nem começou o ano e já tá concorrendo com glórias ao Oscar Joinha do ano!

Quem ta começando, ao menos, tenha a oportunidade de analisar isso, porque esse tipo de cliente está em todos os lugares... o mundo não é uma merda, é só o lugar onde existe um negócio chamado seleção natural... Pra ser selecionado, você tem que apanhar e levar tiros, pra saber desviar das balas! ;)

Parabéns, Trevor Verme-que-Vomita!