Considerando os tijolos na porta da casa de nossos patrocinadores, atirados pelos pais irritados, o Escapismo Contundente está apresentando uma nova faceta de seus textos culturais... A Literatura. Como queremos que o mundo se torne mais tosco e babaca, resolvemos atender à demanda de que levássemos a sério a cultura, para evitar que as crianças de hoje se tornem vazias. Por isso, resolvi criar uma sessão literária, e chamar um grande amigo meu para adicionar tempero a esse templo da escrotisse, q é este blog. Sem mais demoras, apresento-lhes o Prof. Manhattan - FULL OF MOJO!, fã de zumbis, viagem no tempo, cervejas e mulheres, o clássico cervejeiro dono do blog chamado "Egoísmo do Cervejeiro" que estará disposto logo ao lado, assim que alguém fizer um logo decente pra ele...
Hoje, ele irá nos agraciar com sua presença, com um conto escrotíssimo, dotado de textura refinada e poesia como qualquer filho da puta de categoria gostaria.
Espero que curtam, porque eu casquei o bico!
Divirtam-se!
- Papai Cutelo -
Morre Maldita Velha Escrota!
Essa era a frase que passava em minha cabeça a alguns meses atrás quando, portando um cutelo, decepava a cabeça de minha ex-chefe.
Todos sabem que o profético cervejeiro que vos fala é Professor. Bem, dar aula é algo extremamente prazeroso. Ensinar é algo bonito e ao mesmo tempo egoísta. Raras são as vezes em que ensinamos algo com neutralidade, sempre passando quase involuntariamente o nosso ponto de vista, e o pior, execrando o dos outros. Enfim, uma profissão adorável.
Bem, alguns meses atrás essa profissão adorável não estava conseguindo pagar as constantes orgias romanas em que o vosso aprazível cervejeiro está acostumado a participar (breve um artigo sobre Calígula), então decidido foi que este iria trocar de emprego.
Mas o Destino, matreiro como só ele, decidiu pregar uma pequena peça neste ser ambíguo, complexo e barbudo que vos escreve.
Alguns currículos enviados e uma entrevista com a proprietária de uma Administradora de Condomínios foi marcada. Fácil demais por sinal.
A proprietária do novo local era uma mulher, beirando os 50 anos, atarracada, possuía uma semelhança quase surreal com a vovó da Família Dinossauro e era detentora de uma bizarra e sonora voz EXTREMAMENTE fina.
Bem, não escolhemos nossos atributos físicos, mas aquela mulher era uma ofensa ao fornecedor de genes.
Alguma coisa naquela mulher não me cheirava bem, e não era o horrível cheiro de Pinho Sol que provinha daquelas axilas felpudas e daquele rosto que me olhava com olhos semi-cerrados, cheios de mistério e remelas.
No inicio tudo foi mil maravilhas o trabalho era interessante, ninguém me torrava o saco. Coisa de novato em emprego. Todo inicio de emprego é a mesma coisa. Você é o Pop Star do local. Quando o tempo passa, bem, as pessoas realmente mostram quem são e você por algum motivo sempre acaba se fudendo (interessante o Microsoft Word não ter a palavra “fudendo” em seu dicionário...).
Bem, algumas semanas depois, o clima foi ficando extremamente estranho. Percebia que a minha supervisora e a proprietária (a Chefa), passavam muito tempo no porão, onde, diziam elas, ficava o Arquivo Morto da Empresa. Outra coisa um tanto quanto bizarra que comecei a perceber foi o fato de que eu nunca via saírem da Empresa os clientes que chegavam!
Algo naquele lugar não estava certo. Bem, o mês ainda não havia acabado e, portanto achei eu que era uma questão de adaptação.
Na última semana do primeiro mês precisei descer para o porão a fim de pegar algumas notas fiscais antigas a fim de comprovar uma entrada de dinheiro que ocorrera a algum tempo. Grande erro.
O cheiro do porão era horrível. Um misto de matadouro com banheiro público e casa da titia.
Fui me adentrando e descendo cada vez mais, e foi para o meu espanto que vi ali, debruçada sobre um corpo irreconhecível, a minha supervisora devorando parte do cadáver! O sangue jorrava em profusão. Podia ver uma mistura de membros, órgãos, sangue e muco no chão (e jurava que estava ouvindo Jorge Aragão em algum rádio lá embaixo).
Levei um choque tão grande que não vi que uma mão tocara no meu ombro. Era ela. A proprietária estava empapada de sangue também, sua roupa branca e seus colares de Yemanjá estavam lubrificados com líquido vermelho e amarelo (e ao fundo tive a certeza que era mesmo aquele maldito Jorge Aragão).
“Una-se a nós!” Disse ela com sua voz fina e ritmada.
Não preciso dizer que quando fui correr de volta, tropecei em algo, e esse algo era um corpo, levantei, tentei correr de novo, mas tropecei de novo em outro corpo.
Observando melhor, vi que o porão estava lotado com os corpos dos clientes! O desespero só não tomou conta de meu corpo porque estava com uma ressaca dos infernos.
No fim, consegui sair do porão e voltei para meu cubículo.
Ora, pensam os leitores, porque diabos este pseudo-escritor não deu sebo nas canelas e voltou pra sua casa? Ora, simplesmente porque eu ainda não havia recebido meu vale do dia 25 e não voltaria pra casa sem dinheiro. Não é o fato de a minha chefa ser uma canibal tarada que vai me fazer desistir de uma boa grana.
Fim do expediente, hora de passar no Departamento Pessoal e pegar meu cheque.
Aguardo o cheque como uma criança que espera a chupeta (ou como um adulto que espera outro tipo de chupeta também), mas algo estava novamente errado. O valor do cheque não era aquele, aquilo era referente à meia semana de trabalho! Perguntei à moça do DP o que havia acontecido, e ela disse que eram ordens da proprietária.
Aquilo mudou minha vida profundamente (bem, pelo menos naquela hora...). Ninguém, mas ninguém mesmo me fazia trabalhar de graça. Aquela monóptera, coprofágica, escrota iria ver só. Estava na hora de fazer justiça. Não mais o engodo ditatorial das instâncias superiores iriam me fazer de palhaço. No more Mr. Nice Guy... Fiz o que qualquer um na minha posição faria.
Liguei para o Ministério do Trabalho... (Hoje, quando me lembro desta situação, tenho a certeza que se eu me olhasse no espelho aquele dia, iria ver a frase “SÓ LEVA NO TOBA” estampada na testa).
Dois dias depois os fiscais chegaram. Inspecionaram a empresa inteira. Mas não voltaram do porão... Só reparei que a minha supervisora voltou lá de baixo palitando os dentes e dando um sorriso ordinário para mim. (Após aquele sorriso, meu aparelho reprodutor demorou meses para funcionar novamente).
Logo, uma imagem de Charles Bronson passou em minha mente. Teria que fazer algo. Teria que fazer justiça com minhas próprias mãos.
No horário do almoço passei na loja de R$1,99 e comprei um cutelo da marca Quinsu (tentei levar um Ginsu, mas era mais caro do que eu imaginava). Cheguei do almoço e fui direto pra sala da supervisora. Entrei e fechei a porta à prova de som.
Pulei em cima dela (a desgraçada era forte) e ela acabou me chutando, fazendo com que o cutelo voasse para longe. Agarrei o peito dela e dei um Nipple Twist (Twist de Mamilo, coisa que homens fazem em mamilos de homens para causar dor) e ela urrou de dor. Consegui me recompor, peguei o abridor de cartas de cima da mesa e cravei nas costas da vadia. Ela urrou de dor de novo. Do lado de fora, aparentemente ninguém escutava nada.
O peso de papel estava dando sopa no criado mudo, bati repetidas vezes em seu rosto com ele. Pude ver uma segunda fileira de dentes dentro da boca da maldita. Duas arcadas!!!
Pra aumentar minha ira visualizei a máquina de café fumegando ao lado da mesa... A baitaca desgraçada tinha uma máquina de café expresso e eu tinha que tomar aquela porcaria de café da cozinha que mais parecia água de bueiro..., enfiei a cara dela na máquina de café fazendo o líquido fervente queimar a cara da rameira. Aquela canibal vadia ia demorar pra comer outra pessoa.
Recuperei o Cutelo. Agora era hora da Chefa.
Você pode literalmente matar sua supervisora que a única coisa que pode acontecer com você é levar uma advertência, sabe como é, coisa de sindicato. Justa Causa hoje em dia é coisa séria.
A sala da Chefa estava clara. Na mesa um Laptop com o papel de parede do Jorge Aragão (a peça que falta neste quebra cabeça sem noção). Na parede a foto da Chefa quando ela era mais nova (que parecia a foto de uma vadia velha, só que mais nova), e no canto um frigobar. Abri o frigobar e lá tinha 2 Yakult, 1 Alfajor da Turma da Mônica e um Cérebro humano.
Quando me virei, lá estava ela atrás de mim. Olhei para ela com olhos de quem iria ter sua vingança. Ela me olhou com olhos de quem sabia que ia se fuder, mas mesmo assim não dava o braço a torcer. Empunhei o Cutelo, como se fosse uma espada e mandei ver.
Espanto meu quando o cutelo ficou preso no pescoço da mulamba (maldita marca alternativa...). O talho não foi completo e a cabeça não rolou. O Cutelo ficou preso e a vadia segurou meu braço.
Morre Maldita Velha Escrota!!!! Gritei com tanta energia que forcei o cutelo pra baixo fazendo a cabeça da Vilã rolar no chão.
Antes de apagar, a velha pôde me ouvir dizendo “Paga certo sua vaca... não mexa com o Rei” (Sempre quis dizer frases de efeito em uma situação heróica, mas é incrível como elas se tornam idiotas quando ditas em português).
E fui embora.
Recebi minha rescisão, e feliz da vida voltei a dar aulas. E até hoje todos ouvem com regozijo a odisséia do heróico cervejeiro e como ele destruiu as duas canibais vadias e salvou o mundo corporativo.
Ughr.
A cerveja fez mal mesmo.